88 % dos tokens distribuídos por airdrop desvalorizam-se num período de 3 meses

Mas o impacto destes mecanismos na captação e retenção de utilizadores tem transformado os ecossistemas Web3

Os airdrops tornaram-se verdadeiros catalisadores de crescimento em Web3, capazes de captar atenção massiva e impulsionar a integração de milhões de utilizadores apenas em alguns dias. De 2022 a esta parte, projetos de finanças descentralizadas, NFT e gaming distribuíram milhares de milhões de dólares em tokens, premiando early adopters e atraindo novos participantes.

Resta questionar se tais distribuições alimentam ecossistemas resilientes ou apenas fogachos especulativos. Embora gerem picos notáveis em novos utilizadores e transações, o efeito sustentado na retenção, engagement e valorização dos tokens permanece incerto.

Este relatório aprofunda os resultados dos airdrops de maior valor em DeFi, NFT e Gaming, com especial enfoque na sua influência sobre o comportamento dos utilizadores, desempenho dos tokens e atividade onchain.

Principais conclusões

• Desde 2017, foram distribuídos mais de 20 mil milhões $ em airdrops, dos quais 4,5 mil milhões $ só em 2023, consolidando-os como um dos métodos de crescimento mais potentes e dispendiosos do Web3.
• 88% dos tokens distribuídos por airdrop perdem valor nos 3 meses seguintes, o que destaca o contraste entre a euforia inicial e a falta de sustentabilidade duradoura.
• Os airdrops originam picos de atividade de grande escala: o lançamento da Arbitrum registou 2,5 milhões de transações diárias e a Blur conquistou mais de 70 % do volume de negociação NFT numa única noite.
• A retenção é o ponto mais vulnerável: em poucas semanas, a atividade regista uma descida para cerca de 20–40 % acima do nível pré-airdrop, e a maioria dos beneficiários vende os tokens imediatamente.

Índice

1. O que são airdrops e de que forma moldaram a evolução da Web3?
2. Airdrops DeFi & Layer-2: escalar utilizadores ou alimentar “farmers”?
3. Airdrops NFT: liquidez na negociação versus fidelização comunitária
4. Airdrops gaming: impacto limitado no universo “play-to-earn”
5. Monitorização do futuro dos airdrops com DappRadar
6. Conclusão

1. O que são airdrops e de que forma moldaram a evolução da Web3?

No contexto Web3, airdrop significa distribuir tokens gratuitamente por determinadas wallets, como prémio por ações passadas ou para incentivar novo envolvimento. Ao contrário dos ICO, que exigem aquisição, o airdrop entrega tokens diretamente ao utilizador. O objetivo é simples: democratizar a posse, estimular comunidades, descentralizar a governação e dar liquidez imediata ao token.

Os airdrops podem assumir vários formatos:

• Airdrops retroativos – recompensam quem interagiu previamente com o protocolo (ex. Uniswap em 2020, Arbitrum em 2023).
• Airdrops de incentivo – estimulam comportamentos como trading, staking ou recomendações (ex. sistema de pontos Blur).
• Airdrops comunitários – recompensam detentores de NFT, developers ou membros de comunidades (ex. BONK em Solana).

Desde 2017, o conceito evoluiu de ferramenta marginal para estratégia de marketing fundamental em Web3. Em vez de investir em publicidade, os projetos oferecem participação. A motivação: utilizadores que se sentem parte do projeto tendem a experimentar, divulgar e manter-se fiéis.

Principais marcos históricos:

• 2017–2018, Primeira Vaga: Airdrops disseminados na era dos ICO; muitos projetos cresceram grupos Telegram e wallets quase só por especulação, com pouca retenção real.
• 2020, Era “UNI Gold Standard”: O airdrop $UNI da Uniswap ofereceu 400 UNI a cada utilizador (~1 200 $ na altura, >12 000 $ no pico), convertendo early adopters em promotores e lançando o modelo retroativo como referência de justiça.
• 2021–2022, Era dos Playbooks: Os airdrops passaram a integrar estratégias de diversos projetos, incluindo dYdX, ENS e LooksRare, com sucesso variável e muitos “farmers” a capturar benefícios.
• 2023–2025, Era dos Mega Airdrops: Distribuições gigantescas (Arbitrum: 1,97 mil milhões $, Blur: 818 milhões $, Worldcoin: distribuição contínua a mais de 10 milhões de utilizadores) transformaram ecosistemas de um dia para o outro.

Apesar de dados fragmentados, estima-se:

• Desde 2017, centenas de airdrops em DeFi, NFT, gaming e infraestrutura.
• Mais de 20 mil milhões $ distribuídos, com 4,5 mil milhões $ só em 2023 (Arbitrum, Blur, Celestia, etc.).
• Grandes airdrops chegam a 100 000–1 milhão de endereços, enquanto campanhas globais, como Worldcoin, visam dezenas de milhões.
• A investigação indica que cerca de 88 % dos tokens distribuídos por airdrop perdem valor nos 3 meses iniciais, mostrando que, embora funcionem como eventos promocionais, raramente tornam os tokens duradouros.

Por que motivo os airdrops funcionam como marketing?

• Barreira de entrada mínima: utilizador recebe tokens gratuitos → experimenta o serviço.
• Efeito viral: grandes distribuições geram títulos e interesse (“recompensas gratuitas”).
• Descentralização: dispersando a posse, atribuem direitos de governação e alinham os utilizadores com o futuro do projeto.
• Pressão competitiva: airdrop pode transferir quota de mercado rapidamente (ex. Blur vs. OpenSea).

Continuam, no entanto, a enfrentar desafios: “farming”, vendas imediatas e fraca retenção. Mesmo assim, os airdrops mantêm-se, em 2025, como uma das armas promocionais mais eficazes — ainda que imperfeitas — do universo das dapps.

2. Airdrops DeFi & Layer-2: escalar utilizadores ou alimentar “farmers”?

O segmento DeFi está no núcleo dos principais airdrops. Exchanges descentralizadas e rollups Layer-2 recorreram à distribuição de tokens para premiar early adopters, descentralizar governação e atrair novos utilizadores. Os maiores e mais mediáticos airdrops da Web3 surgiram de projetos DeFi e de soluções de escalabilidade.

Airdrops em redes L2

O exemplo mais emblemático é o da Arbitrum, em março de 2023. Foram distribuídos 1,16 mil milhões de ARB (11,6 % do supply), por mais de 600 000 endereços — o airdrop mais valioso até hoje. No auge, os tokens chegaram a valer cerca de 2 mil milhões $. O impacto onchain foi imediato: transações diárias superaram 2,5 milhões no dia da reivindicação, ultrapassando temporariamente o Ethereum.

Embora o entusiasmo tenha esfriado, a Arbitrum manteve um patamar de atividade claramente superior ao pré-airdrop. Dois meses após o evento, a rede processava cerca de um milhão de transações diárias, com um crescimento de 531 % em Unique Active Wallets. A retenção, no entanto, revela nuances: apenas 5 % das transações vieram de endereços que receberam ARB. Muitos beneficiários venderam logo, cabendo aos utilizadores genuínos e newcomers manter a atividade. O token ARB seguiu o padrão comum: lançado entre 1,30–1,40 $, perdeu mais de 75 % do valor em dois anos.

Optimism oferece um contraponto interessante. Em vez de um único airdrop massivo, optou por distribuição faseada desde 2022. Na segunda ronda, em 2023, entregou 11 milhões de OP, focando votantes DAO e delegates. Gerou picos menores, mas alinhou incentivos, reforçando a governação. Os dados confirmam saltos de UAW e volume em cada reivindicação, seguidos de arrefecimento rápido. O token OP perdeu 42 % desde o lançamento há três anos.

Airdrops DeFi

Os protocolos DeFi repetem o padrão das redes L2. O airdrop inicial da dYdX para traders ativos provocou forte aumento de volumes, mas decaiu com o fim dos incentivos, tendo o token perdido cerca de 70 %. A 1inch distribuiu tokens em várias vagas, acelerando o crescimento dos endereços, mas a governação manteve-se fraca; o token caiu 52 % pouco depois do airdrop e, cinco anos depois, vale menos de 10 % do valor inicial. O airdrop retroativo da ENS, em dezembro de 2021, foi mais modesto, mas o token desvalorizou apenas 40 % em quatro anos, conseguindo fidelizar uma comunidade junto dos detentores de domínios Ethereum.

Os dados de todo o setor são claros. Os airdrops geram explosão de utilizadores, dobrando/triplicando atividade diária e originando picos em TVL à medida que os utilizadores se preparam para a reivindicação. Após poucas semanas, a atividade estabiliza apenas um pouco acima do nível pré-airdrop. Os preços seguem o mesmo caminho: a maioria dos tokens DeFi distribuídos por airdrop perde 60–90 % do valor inicial com o abandono dos “farmers”.

Os airdrops aceleram a aquisição de utilizadores como nenhuma outra estratégia, mas a retenção depende do product-market fit. Arbitrum preservou atividade porque oferece utilidade DeFi e baixos custos. Optimism mostrou que o design do airdrop, centrado em governação, pode moldar comportamentos para além da especulação. Para projetos sem ecossistema forte ou mecânica bem desenhada, o airdrop resume-se a campanha dispendiosa sem adoção sustentável.

3. Airdrops NFT: liquidez na negociação versus fidelização comunitária

Se DeFi e Layer-2 usaram airdrops para escalar infraestruturas, o universo NFT recorreu a eles como arma de competição por quota. A ascensão da Blur, desafiando o domínio histórico da OpenSea, é o caso paradigmático de estratégia agressiva de airdrop em Web3.

Antes do lançamento do token Blur, em fevereiro de 2023, acumulavam-se recompensas “sazonais”, com traders a somarem pontos por listar NFT, fornecer liquidez e demonstrar lealdade. No lançamento, 51 % do supply BLUR foi atribuído à comunidade, num airdrop superior a 800 milhões $ no pico. O efeito foi imediato: em poucos dias, a Blur conquistou mais de 70 % do volume NFT na Ethereum, forçando a OpenSea a rever taxas e royalties. Dados internos mostram que a liquidez mudou rapidamente, com Blur a processar, por vezes, cinco vezes mais volume que OpenSea, apesar de menos utilizadores ativos.

Porém, a composição desta atividade serve de alerta. A maioria do volume na Blur resultou de alguns traders de alta frequência, “acumulando” pontos para futuras recompensas. A análise mostra que poucas centenas de endereços geraram a maioria das transações. Apesar de liquidez recorde e spreads reduzidos, isto não traduziu engagement comunitário real. A OpenSea manteve liderança em endereços únicos, atraindo colecionadores e criadores casuais.

O token BLUR seguiu o ciclo típico: arrancou perto de 1,20 $, mas caiu rapidamente, descendo abaixo de 0,10 $ em 2025. Nem as seasons adicionais de recompensas impediram a desvalorização. No final de 2023, a quota da Blur estabilizou entre 20–40 % após o pico inicial.

Outros airdrops NFT repetem o padrão. LooksRare e X2Y2 replicaram o modelo de “vampire attack” em 2022, atribuindo tokens a traders OpenSea — picos de volume, mas grande parte de trading fictício. Assim que acabaram os incentivos, o volume desceu abruptamente e os tokens, antes avaliados em centenas de milhões, negociam actualmente por uma fração. Os airdrops ao estilo memecoin, como Memecoin ($MEME), geraram entusiasmo passageiro, mas fracassaram na criação de ecossistemas sustentáveis.

A lição central é que airdrops NFT redirecionam liquidez, mas dificilmente consolidam comunidades. Os traders movem-se por recompensas; colecionadores e criadores valorizam confiança, usabilidade e cultura, o que não pode ser transmitido apenas por tokens.

Em 2025, o mercado NFT está mais competitivo, marcado pelo legado destes airdrops. OpenSea adotou ferramentas pro, Blur serve traders profissionais e novos modelos emergem noutros marketplaces. Continua, no entanto, sem resposta clara se os incentivos em token podem criar comunidades robustas — ou apenas fomentar guerras de liquidez de curta duração.

4. Airdrops gaming: impacto limitado no universo “play-to-earn”

Por oposição ao marketing multi-milionário de DeFi e NFT, o segmento gaming revelou-se mais cauteloso. Jogos blockchain focam-se em economias internas e NFT, evitando grandes distribuições de tokens. Consequentemente, nos últimos dois anos, raramente se assistiu a airdrops gaming de elevado valor — e o seu impacto revelou-se fugaz face ao DeFi e NFT.

Na maioria dos projetos, os airdrops retroativos foram descartados, optando-se por launchpads, mint de NFT ou recompensas in-game. Tal reflete as lições do boom “play-to-earn” em 2021, quando economias tokenizadas e inflacionárias colapsaram sob pressão especulativa. Entre 2023–2025, os developers cautelosamente evitaram entregar somas avultadas sem estruturas sustentáveis.

Algumas exceções surgiram na infraestrutura. Immutable, Polygon e Ronin experimentaram incentivos e recompensas tokenizadas dirigidas a developers e jogadores, mas adotando programas contínuos, não eventos únicos. Pequenos estúdios preferiram distribuir NFT ou drops modestos a testers fechados, recompensando early engagement sem inundar a economia.

No gaming, o verdadeiro desafio não é conquistar utilizadores com tokens, mas mantê-los envolvidos a ponto de consolidar ecossistemas sólidos.

5. Monitorização do futuro dos airdrops com DappRadar

À medida que os airdrops continuam a impulsionar o ecossistema descentralizado, mapear oportunidades torna-se cada vez mais exigente. Com milhares de milhões em tokens distribuídos e novos projetos surgindo mensalmente, os utilizadores precisam de ferramentas rigorosas para distinguir as distribuições de real valor do ruído.

DappRadar Airdrops oferece um painel de controlo completo para dominar o universo dos airdrops. Dispõe de guias personalizados, recomenda ações-chave para maximizar hipóteses de alocação e sinaliza níveis de dificuldade e probabilidades de concretização. De tarefas onchain simples a validação de participação em programas beta, cada utilizador pode seguir estratégias passo a passo para aumentar as chances de receber recompensas.

Ao centralizar atualizações, ações e resultados, DappRadar Airdrops posiciona a comunidade na linha da frente. Seja trader DeFi, colecionador NFT ou gamer Web3, o painel de controlo garante que não perde nenhuma das próximas grandes distribuições.

Conclusão

88 % dos tokens atribuídos por airdrop perdem valor em poucos meses, mas 100 % dos airdrops demonstram uma verdade: em Web3, a atenção é a moeda mais valiosa. Cada evento relevante mostra que a verdadeira recompensa não é o token, mas o comportamento que desencadeia. O desafio já não reside em captar atenção: importa convertê-la em comunidades resilientes. É nesse papel que a DappRadar se posiciona: monitoriza dados, filtra ruído de sinal e apoia utilizadores e builders a distinguir projetos de mera hype daqueles que fazem história.

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